25 anos da Guerra das Malvinas
Em 1982 fui morar na Argentina, em Buenos Aires. Eu tinha 14 anos, estudava perto de casa e ia caminhando para o colégio (Instituto Grand Bourg). Ainda não dominava o idioma, pois estava há três meses por lá. Na caminhada para a escola sempre encontrava uns colegas e formava-se um grupo de uma meia dúzia de estudantes, todos devidamente uniformizados de paletó e gravata.
Num belo dia, 2 de abril, nesta caminhada para o colégio, começaram a falar de uma tal de Malvinas. Eu não tinha a mais pálida idéia de quem era essa tal Malvinas que de uma hora para outra tornou-se tema nacional.
Alguns dias depois, já sabendo do que se tratava, que "Las Malvinas son Argentinas", começa uma explosão de nacionalismo impressionante. Um colega meu, que tinha repetido alguns anos e tinha 17 anos queria de qualquer forma juntar-se as tropas que estavam indo brigar naquelas ilhas perdidas no extremo sul do país. Uma professora, meio carola, exigiu que todos os alunos colocassem em suas varandas ou janelas dos apartamentos uma bandeira da Argentina. Lembro-me quando ela cobrou e mandou, aos que não tivessem colocado a bandeira, que ficassem de pé e se explicassem. Claro que eu e mais dois brasileiros nos levantamos e, diplomaticamente, dissemos que não era uma guerra nossa, apoiávamos a posição argentina e tentaríamos conseguir uma bandeira brasileira para colocar na janela, naquela época não era tão fácil conseguir uma. E se não déssemos uma resposta parecida seríamos mal tratados.
Foi uma loucura, o país inteiro vestiu a camisa da guerra, alunos de escolas inglesas ou americanas eram espancados na rua por estudantes de outras escolas, foi proibido tocar músicas de língua inglesa nas radios, as TVs constantemente colocavam propagandas do que fazer em caso de ataque bélico em Buenos Aires. Diziam: se tocar o alarme refugiem-se em abrigos subterrâneos, garagens e estações de metrô. Notícias de que as forças argentinas tinham derrubado 15 aviões, afundado 4 navios ingleses e perderam apenas 2 ou 3 aviões eram comuns. Tipo plantão da Globo, eram constantes com estes tipos de informações. Era a mídia colocando pânico e enaltecendo o nacionalismo na população.
Como recebíamos em casa jornais do Brasil, era até cômica a comparação dos números apresentados pelos argentinos e os números dos ingleses. Enfim, com o passar das semanas, ficava claro que a Argentina não tinha a menor chance naquela guerra estúpida e a verdade veio à tona. O General Galtieri, que presidia o país precisava de alguma notícia de impacto para desviar a atenção do óbvio, que a Argentina estava perto de quebrar economicamente e a mesma população que o idolatrou em abril queria sua cabeça em junho.
Depois vieram os tristes relatos daquela guerra imbecil. Hoje recebi um relato de um grande amigo e hermano argentino, Patricio Resi, vulgo Pato e mais conhecido como "Don Resi" e que reproduzo neste espaço, em Castellano mesmo.
Bom, minha opinião sobre tudo isso é que: as Malvinas são Argentinas, a guerra é estúpida e militares não devem governar um país.
Fonte das fotos p&b : http://www.todopolitica.com/
6 comentários:
Pra quê mesmo servem os militares hein? Sinceramente não vejo a mais remota utilidade nessa gente.
Um abraço e feliz Páscoa!
Obrigado pela visita caro Nivaldo.
Governar um país definitivamente não é função deles, controlar vôos de civis também não. Acho que deveriam ficar restritos a defesa da soberania.
Saudações e boa Páscoa para você também.
Pobres nuestros hermanos argentinos.Ellos fueron de una terrible ingenuidad.Si los milicos dicen que las Malvinas son argentinas,por qué demostraron tanta ignorancia del clima y fauna de las islas y especialmente de la capacidad propia y del enemigo?Me disculpen mis hermanos pero esos milicos son mas boyscout que milicos.Esa hermosa juventud argentina no merecia eso.
Olá!!!
Não pude deixar de ler o seu relato,realmente me intristesse em saber que o mundo deixe passar em branco um situação como essa,inclusive aqui no Brasil país que é vizinho a Argentina,nossas escolas e universidades são complacentes,eu mesmo demorei muitos anos para saber a história do conflito,acredito que as ilhas Malvinas são de direito argentinas,fico imaginando se fosse conosco,como seria?
Isso vai além da soberania,além de diplomacia é uma questão de dignidade e cultura de um povo.
Ninguém fez nada,aki nesse sul de mundo onde tanto lutamos por ser tratados com respeio,as nações simplismente fecharam os olhos...
Não nego que adimiro a coragem de quem lutou,mas despejo o despeito aqueles que fizeram tantas vitimas pensando apenas em poder ter o poder...
Era isso falow abraços
Obviamente, os governos militares não sõ uma boa pedida e a história nos autoriza fazer este comentário, porem não é por isso que poderiamos dizer que eles não tem utilidade. A história tambem nos mostra que são eles tambem que resolvem as coisas quando a diplomacia falha e nação se encontra desabrigada. justiça seja feita nesses comentários, dizer que não se sabe a utilidade dos militares é não estar conciente do mundo feroz e capitalista em que vivemos.
A guerra das Malvinas foi muito sofrida pelos argentinos.
Uma pessoa que estava em meu mesmo edifício do aluguel temporada Buenos Aires me contou acerca dessa etapa histórica.
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