terça-feira, 3 de abril de 2007

25 anos da Guerra das Malvinas

Em 1982 fui morar na Argentina, em Buenos Aires. Eu tinha 14 anos, estudava perto de casa e ia caminhando para o colégio (Instituto Grand Bourg). Ainda não dominava o idioma, pois estava há três meses por lá. Na caminhada para a escola sempre encontrava uns colegas e formava-se um grupo de uma meia dúzia de estudantes, todos devidamente uniformizados de paletó e gravata.

Num belo dia, 2 de abril, nesta caminhada para o colégio, começaram a falar de uma tal de Malvinas. Eu não tinha a mais pálida idéia de quem era essa tal Malvinas que de uma hora para outra tornou-se tema nacional.
Alguns dias depois, já sabendo do que se tratava, que "Las Malvinas son Argentinas", começa uma explosão de nacionalismo impressionante. Um colega meu, que tinha repetido alguns anos e tinha 17 anos queria de qualquer forma juntar-se as tropas que estavam indo brigar naquelas ilhas perdidas no extremo sul do país. Uma professora, meio carola, exigiu que todos os alunos colocassem em suas varandas ou janelas dos apartamentos uma bandeira da Argentina. Lembro-me quando ela cobrou e mandou, aos que não tivessem colocado a bandeira, que ficassem de pé e se explicassem. Claro que eu e mais dois brasileiros nos levantamos e, diplomaticamente, dissemos que não era uma guerra nossa, apoiávamos a posição argentina e tentaríamos conseguir uma bandeira brasileira para colocar na janela, naquela época não era tão fácil conseguir uma. E se não déssemos uma resposta parecida seríamos mal tratados.
Foi uma loucura, o país inteiro vestiu a camisa da guerra, alunos de escolas inglesas ou americanas eram espancados na rua por estudantes de outras escolas, foi proibido tocar músicas de língua inglesa nas radios, as TVs constantemente colocavam propagandas do que fazer em caso de ataque bélico em Buenos Aires. Diziam: se tocar o alarme refugiem-se em abrigos subterrâneos, garagens e estações de metrô. Notícias de que as forças argentinas tinham derrubado 15 aviões, afundado 4 navios ingleses e perderam apenas 2 ou 3 aviões eram comuns. Tipo plantão da Globo, eram constantes com estes tipos de informações. Era a mídia colocando pânico e enaltecendo o nacionalismo na população.

Como recebíamos em casa jornais do Brasil, era até cômica a comparação dos números apresentados pelos argentinos e os números dos ingleses. Enfim, com o passar das semanas, ficava claro que a Argentina não tinha a menor chance naquela guerra estúpida e a verdade veio à tona. O General Galtieri, que presidia o país precisava de alguma notícia de impacto para desviar a atenção do óbvio, que a Argentina estava perto de quebrar economicamente e a mesma população que o idolatrou em abril queria sua cabeça em junho.
Depois vieram os tristes relatos daquela guerra imbecil. Hoje recebi um relato de um grande amigo e hermano argentino, Patricio Resi, vulgo Pato e mais conhecido como "Don Resi" e que reproduzo neste espaço, em Castellano mesmo.

Respecto a Malvinas, es realmente un tema muy triste.

Esto de cumplir 25 años, hizo que el tema se tome con más de trascendencia que en otras oportunidades.

Hay videos inéditos de la época, datos e información que nunca salieron a la luz.
Es terrible pensar en la situación de esos pibes, que fueron a pelear contra un ejercito profesional como el inglés. Sin dudas, Galtieri y sus secuaces, pensaron que Londres iba a negociar, tomando en cuenta la relación argentina con los yanquies (Reegan y Galtieri habían acordado entrenar marines en Argentina para la guerra de EEUU en El Salvador y Nicaragua). Fueron muy ingenuos, Reegan los mandó a la mierda por pelotudos, Teacher mandó sus gurkas y en dos meses se acabó la guerra.

Para resumir, te cuento un par de datos.

Ayer ví un documental con unos ex-combatientes argentinos que fueron a Malvinas para poner una placa a sus compañeros muertos. Muy emocionados (nunca habían vuelto), recorrieron trincheras y lugares que quedaron intáctos, perdidos en el tiempo. No te puedo contar cuando vieron un montoón de zapatillas amontonadas en un pozo. Eran zapatillas Flecha (no se si las recordas). Los ex-combatientes contaron que ese era el calzado que tenían. Cualquier soldado del mundo usa botas, para andar por la tierra, saltando, corriendo, etc. Es como que quieras escalar el Aconcagua con unas Raider. Una locura, por el frío que hace por allí y por la suela que patina como la puta madre.

Otra de las situaciones terribles que pasaron eran por las noches. Los ingleses tenían anteojos con visión infrarroja, veian todo sin ser vistos. Los argentinos iluminaban con linterna a pila. Te podes imaginar, prendias la linterna y te cagaban a tiros.

De terror.

Bom, minha opinião sobre tudo isso é que: as Malvinas são Argentinas, a guerra é estúpida e militares não devem governar um país.

6 comentários:

NIVALDO RIBEIRO disse...

Pra quê mesmo servem os militares hein? Sinceramente não vejo a mais remota utilidade nessa gente.

Um abraço e feliz Páscoa!

Peter Cordenonsi disse...

Obrigado pela visita caro Nivaldo.
Governar um país definitivamente não é função deles, controlar vôos de civis também não. Acho que deveriam ficar restritos a defesa da soberania.
Saudações e boa Páscoa para você também.

onofre segundo teneos farias disse...

Pobres nuestros hermanos argentinos.Ellos fueron de una terrible ingenuidad.Si los milicos dicen que las Malvinas son argentinas,por qué demostraron tanta ignorancia del clima y fauna de las islas y especialmente de la capacidad propia y del enemigo?Me disculpen mis hermanos pero esos milicos son mas boyscout que milicos.Esa hermosa juventud argentina no merecia eso.

. disse...

Olá!!!
Não pude deixar de ler o seu relato,realmente me intristesse em saber que o mundo deixe passar em branco um situação como essa,inclusive aqui no Brasil país que é vizinho a Argentina,nossas escolas e universidades são complacentes,eu mesmo demorei muitos anos para saber a história do conflito,acredito que as ilhas Malvinas são de direito argentinas,fico imaginando se fosse conosco,como seria?
Isso vai além da soberania,além de diplomacia é uma questão de dignidade e cultura de um povo.
Ninguém fez nada,aki nesse sul de mundo onde tanto lutamos por ser tratados com respeio,as nações simplismente fecharam os olhos...
Não nego que adimiro a coragem de quem lutou,mas despejo o despeito aqueles que fizeram tantas vitimas pensando apenas em poder ter o poder...

Era isso falow abraços

Peter Cunha disse...

Obviamente, os governos militares não sõ uma boa pedida e a história nos autoriza fazer este comentário, porem não é por isso que poderiamos dizer que eles não tem utilidade. A história tambem nos mostra que são eles tambem que resolvem as coisas quando a diplomacia falha e nação se encontra desabrigada. justiça seja feita nesses comentários, dizer que não se sabe a utilidade dos militares é não estar conciente do mundo feroz e capitalista em que vivemos.

Unknown disse...

A guerra das Malvinas foi muito sofrida pelos argentinos.
Uma pessoa que estava em meu mesmo edifício do aluguel temporada Buenos Aires me contou acerca dessa etapa histórica.