Um argentino em Macaé
Depois deste relato sobre a guerra das Malvinas conheci um amigo do "Don Resi", o Miguel, que mora em Macaé-RJ e trabalha para uma empresa sueca.
Ele me relatou algumas impressões daquela cidade, que é a capital do petróleo no Brasil, depois mandou suas visões sobre o futuro do nosso continente, e assim começa uma série de textos de terceiros neste blogue.
É bom conhecer um pouco mais da cabeça dos nossos hermanos, saber que nem tudo fica no futebol.
Abaixo o relato do Miguel sobre Macaé.
Você me pede para escrever sobre Macaé. Uma cidade que eu quero cada vez mais. Uma cidade esquisita, praticamente não tem macaense (meu filho é um dos poucos, hehe) já que tem pessoal de tudo e qualquer canto do país (e também bastante gringada) que chega para trabalhar. Então não reconhece a cidade como “sua terra”, e portanto não a trata com o carinho suficiente.
Uma cidade que nos finais de semana fica semi vazia já que tudo mundo vaza para sua cidade, seja Rio, Campos, Vitória e também muito pessoal de pequenas cidades do interior fluminense. Como eu não tenho onde ir, fico aqui, curto as selvagens e bravas praias macaenses, as trilhas e faço muita serena vida de família.
Esta cidade, este país, esta me dando uma possibilidade que minha terra, por "x" motivos, não me deu.
Esta cidade é onde meu filho nasceu, onde minha filha alfabetizou-se e cultiva amizades, onde nossa família se vira no dia a dia. Então sinto carinho por ela.
Uma cidade que começa a misturar a tranqüilidade do interior com as “doenças” do progresso: putas, traficantes, ladrão, policial corrupto e por ai vai.
Uma cidade que tem fábricas que produzem sofisticados equipamentos de tecnologia avançada para extração de petróleo, mas como contrapartida quando você precisa uma peçinha para consertar o microondas, ai o atendente fala “ahhh não, essa peça vem “da capital”, vai demorar 15 dias”
Outra particularidade desta cidade é a paixão pelos pássaros: canarinhos cantores. Eu não acredito (embora já me acostumei) quando vejo pelas ruas os caras dando passeio aos passarinhos !!!!! Os caras vão andando ou em bicicleta, com a gaiola e o bichinho dentro. Um deles me falava que bota ele um tempinho no sol e outro na sombra, porque “assim canta melhor” Quando esfria, eles cobrem a gaiola. E tem torneios de canto. Enfim, não sei se no Rio tem a mesma mania ou só é um tema local.
Bom, depois eu continuo meu relato.
Abraços.
Miguel Heredia
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